Quando o desenvolvedor de jogos brasileiro Mark Venturelli virtualmente subiu ao palco do Festival de Jogos Internacionais do Brasil (BIG) em 8 de julho, ele estava ostensivamente pronto para dar uma palestra sobre sua visão para o futuro do design de jogos.
Em vez disso, Venturelli usou sua plataforma para fazer um discurso apaixonado aos participantes do festival sobre por que NFTs vis-à-vis jogos play-to-earn (P2E) são totalmente incompatíveis com sua visão pessoal de como o design de jogos deve se esforçar para progredir nos próximos anos. Uma jogada corajosa, para dizer o mínimo, considerando que a plataforma de jogos blockchain Lakea estava entre os parceiros corporativos do festival.
Uma visão cínica da Web3
Venturelli iniciou sua apresentação com uma ampla definição do que a tecnologia blockchain representa para a sociedade, chamando-a de “uma solução brilhante para o problema errado”. De acordo com a versão em inglês de seus slides da palestra daquela noite, Venturelli argumentou que a tecnologia blockchain permite que os usuários “[keep] um livro-razão seguro entre um grupo de pessoas que não têm confiança absoluta entre si.” Levando esse ponto adiante, Venturelli afirmou que essas tecnologias incentivam os usuários a desconfiar das autoridades centrais, leis, instituições e outras pessoas. Sem essa confiança, Venturelli argumentou, a sociedade não seria capaz de funcionar.
Mas isso é realmente o caso na prática? As comunidades Web3-first realmente não confiam umas nas outras? Considerando como os projetos NFT têm consistentemente provado ser excelentes canais para esforços de construção de comunidades, esse ponto em particular parece um tanto vazio. Por exemplo, os colecionadores de NFTs VeeFriends desembolsaram um bom centavo pelos colecionáveis digitais quando foram lançados em 2021.
Por quê? Sua utilidade geral. Esses NFTs não serviram apenas como ingressos para a comunidade exclusiva do magnata da internet Gary Vaynerchuk, eles também serviram como passes para eventos como o VeeCon. Apenas este ano na NFT.NYC, as pessoas até mesmo de bom grado (e alegremente) trotaram pelas ruas da cidade de Nova York com máscaras de goblin, representando orgulhosamente a comunidade de Goblintown. Nada disso poderia acontecer sem confiança.
Após este segmento de sua palestra, Venturelli passou a mergulhar em suas razões exatas pelas quais os NFTs não deveriam fazer parte do futuro dos jogos.
Os supostos males da especulação
Venturelli argumentou que a atividade econômica, muito menos a atividade econômica especulativa, não tem lugar no jogo. Parte das definições de trabalho de cripto e NFTs de Venturelli é que, como um todo, são essencialmente apenas atividades econômicas especulativas: apostas de alto risco e alta recompensa. Venturelli, como a maioria dos outros críticos da Web3, passou a comparar o investimento nesses ativos digitais à participação em um esquema de pirâmide.
Não importa o fato de que nem todos os NFTs existem como empreendimentos com fins lucrativos para seus potenciais compradores. Na verdade, para organizações sem fins lucrativos, a natureza desses ativos digitais lhes dá a oportunidade de conceder aos doadores propostas de valor únicas, que não são comumente encontradas em esforços tradicionais de captação de recursos.
Mas e as pessoas que Faz ver NFTs como uma avenida para fazer um dinheirinho rápido? Esses tipos de pessoas, argumentou Venturelli, representam a maior ameaça para os principais públicos de jogos, caso mais jogos adotem um modelo P2E. Essas pessoas, sugeriu Venturelli, provavelmente formariam “grupos dedicados operando em escala com margens cada vez menores”, garantindo que os jogadores que não tivessem tempo ou recursos para se organizar dessa maneira só teriam retornos financeiros minúsculos por seu tempo. investido em um jogo.
Venturelli então apontou que esses tipos de pessoas já envenenaram uma boa parte das comunidades de jogos online no passado. Fazendeiros de ouro, bots e outros maus atores arruinaram a experiência dos jogadores de MMO desde o OG baseado na web Runescape de quase duas décadas atrás, dobrando a economia do jogo à sua vontade.
As raízes do jogo para ganhar nos jogos principais
Venturelli também foi rápido em apontar que o conceito de jogos P2E em si não é novidade, com exceção de como as primeiras experiências P2E de hoje operam no blockchain. Quando a válvula Equipe Fortaleza 2 (TF2) introduziu chapéus no jogo pela primeira vez por meio de compras no jogo em 2009, mercados cinzas para esses cosméticos no jogo logo se formaram – com a fraude sendo um grande problema. Isso levou a Valve a estabelecer um mercado oficial da comunidade no Steam, onde os usuários pudessem trocar itens do jogo com segurança uns com os outros – inadvertidamente lançando as bases para NFTs como resultado.
Um dos argumentos mais fortes de Venturelli contra a presença de elementos P2E em jogos foi que, em última análise, não há ‘jogar’ em ‘jogar para ganhar’. Mas isso é verdade na prática? Olhando para os títulos multijogador da Valve desde TF2ou seja Counter Strike: Ofensiva Global e DOTA 2 este não parece ser o caso. Você posso ganhar muito dinheiro vendendo skins para esses jogos – ou até mesmo jogando-os em alto nível, como evidenciado por O Internacional prêmio de vários milhões de dólares – mas é por isso que milhões de pessoas em todo o mundo jogam todos os dias?
Em última análise, a palestra de Venturelli acertou uma coisa: jogos que principalmente servir como experiências P2E não têm lugar no futuro do design e desenvolvimento de jogos. Os jogos devem ser Diversão, em primeiro lugar. O retrato que Venturelli pinta de um cenário de jogos dominado por jogos que priorizam recompensas financeiras para seus usuários em vez de diversão é sombrio. Mas isso não tem que ser o caso.
Fonte: NFT Now